Depois de tantos anos... Olá Mia! Me Deixe em Paz...

Comi com um pessoal por aqui, era absolutamente impossível não comer. Estavam todos olhando  e a comida parecia muito mais gostosa do que deveria ser.

Na dieta de proteínas maras, que eu estava fazendo, proteína é a vontade. Me pergunto, como pode alguém comer qualquer coisa a vontade e emagrecer?

Eu odeio carne...

Odeio carne...

Odeio carne... Mas aquelas pareciam muito apetitosas. Muito.

Um pedaço, dois, três, sete. Pode comer carne a vontade... 9 pedaços, duas colheradas grandes de salsicha com molho.

Pode comer a vontade. Essa máxima silenciou a Ana. Silenciou. Ana?

As pessoas não iam embora, eu conversava, mas não parava de me perguntar se devia ou não colocar tudo para fora.

Passou uma, duas, três horas... Nada.

Eu prometi para mim mesma que não miaria mais, não depois da gastrite hemorrágica... Não depois das dores... Não depois de problemas dentários...

Me lembrei, então, daquela máxima "se a Ana falhar, chame a Mia". Não, eu nem havia comido tanto, e era só proteína - o que engorda é carboidrato e gordura.

A voz voltou "tudo engorda, você comeu muito".

Engoli em seco, todos foram embora e eu fui para o banheiro. Já estava há mais de um ano sem forçar vômito. Olhei para o teto, isso estava errado.

Forcei um vômito não premeditado, não havia ingerido líquido o suficiente e todos aqueles truques para vomitar mais fácil sem fazer barulho. Dedo na goela. Lágrimas nos olhos. Cabelo Preso. Óculos ao lado.

A carne veio, entalando na minha garganta.

Eu chorava. não apenas pela sensação que eu tanto odeio... Na minha cabeça pairavam aquelas dúvidas e frases...

"Como você pode comer tanto? Veja só a quantidade de carne nessa privada!

Que nojo, carne! Um animal morreu, e agora você está fazendo isso não valer nada. Assassina.

Tanta gente passando fome. Eu não tenho direito de fazer isso. Devo ficar SEM comer e não desperdiçar comida.

A carne está entalando, devia ter ingerido mais líquidos.

A garganta queima. Meu estômago. O que estou fazendo comigo? De novo não..."

Me sinto um pouco uma alcoólatra em recuperação ao tomar um primeiro drink. Estou com aquela sensação de "não consegui miar tudo" e me lembrando com dor da carne entalada na garganta, não querendo sair.

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